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Tubarão: O Filme Que Quase Afundou a Carreira de Spielberg

Tubarão: O Filme Que Quase Afundou a Carreira de Spielberg

Uma fotografia mostra Steven Spielberg ao lado de um tubarão gigante. Ele está sorrindo. Parece relaxado. Mas essa imagem esconde uma verdade brutal. O tubarão mecânico, apelidado Bruce, quase destruiu tudo. Afundava constantemente. Quebrava sem parar. Além disso, ameaçava levar junto as carreiras de todos os envolvidos.

Um Diretor de 27 Anos e Um Desafio Impossível

Primavera de 1974. Steven Spielberg tinha apenas 27 anos. Porém, já havia sido escolhido para dirigir Tubarão. O filme seria baseado no romance de Peter Benchley. A Universal Pictures apostava alto. Contudo, ninguém imaginava o pesadelo que estava por vir.

O estúdio queria um blockbuster. Spielberg queria provar seu talento. Assim, a produção começou em Martha’s Vineyard, Massachusetts. A ilha parecia perfeita. Praias bonitas. Água cristalina. Mas havia um problema crítico. Ninguém havia testado o tubarão mecânico em água salgada.

Bruce: O Tubarão que Não Sabia Nadar

Steven Spielberg sorri durante um momento de descontração nas filmagens de Tubarão em 1974. Apesar da aparência relaxada, o diretor desenvolveu stress pós-traumático que durou anos, dormia no barco de produção e achava que seria demitido todo dia. O fracasso constante de Bruce forçou Spielberg a criar suspense através de câmera subjetiva e da trilha sonora inesquecível de John Williams. Fonte: Universal Pictures / Reddit Moviesinthemaking

Steven Spielberg sorri durante um momento de descontração nas filmagens de Tubarão em 1974. Apesar da aparência relaxada, o diretor desenvolveu stress pós-traumático que durou anos, dormia no barco de produção e achava que seria demitido todo dia. O fracasso constante de Bruce forçou Spielberg a criar suspense através de câmera subjetiva e da trilha sonora inesquecível de John Williams. Fonte: Universal Pictures / Reddit Moviesinthemaking

Três tubarões mecânicos foram construídos. Todos receberam o apelido de Bruce. O nome era uma brincadeira interna. Vinha do advogado de Spielberg, Bruce Ramer. Cada tubarão custou uma fortuna. Além disso, eram considerados revolucionários para a época.

Os engenheiros prometiam maravilhas. Bruce teria movimentos realistas. Suas mandíbulas abririam e fechariam perfeitamente. Além disso, poderia mergulhar e emergir sob comando. Funcionava perfeitamente em terra. Mas o oceano seria outro teste. Um teste que Bruce reprovaria espetacularmente.

David Brown, produtor do filme, lembra do primeiro teste. “O tubarão simplesmente afundou”, ele revelou anos depois. “Achamos que nossas carreiras tinham ido com ele”. Portanto, mergulhadores tiveram que resgatar Bruce do fundo do mar. Pesava mais de uma tonelada. Resgatá-lo era uma operação complexa. Era apenas o começo dos problemas.

A água salgada corroía os mecanismos internos. A pele impermeável não funcionava como prometido. Consequentemente, Bruce afundava regularmente. Cada resgate atrasava as filmagens por horas. Cada atraso aumentava os custos exponencialmente. Assim, o orçamento explodia dia após dia. A Universal começava a ficar nervosa.

Tudo Que Podia Dar Errado… Deu Errado!

Spielberg resumiu a situação com um eufemismo. “O tubarão era frustrante”, ele admitiu. Mas a realidade era muito pior. Bruce simplesmente não cooperava. Travava no meio das cenas. Parava de se mover sem aviso. Além disso, suas mandíbulas emperravam constantemente.

Um incidente revela o caos nos bastidores. George Lucas visitou a pré-produção. Ele era amigo de Spielberg. Então, decidiu enfiar a cabeça na boca de Bruce. Parecia seguro. Porém, Spielberg e John Milius travaram um botão. As mandíbulas fecharam. Lucas ficou preso. Finalmente, tiveram que forçar a abertura para libertá-lo.

Esse episódio mostrava algo importante. Mesmo em terra, Bruce era imprevisível. No oceano, era um desastre completo. Portanto, a equipe precisava de um plano B. Mas ninguém sabia qual seria.

O Fracasso Que Virou Genialidade

Steven Spielberg posa de forma descontraída na boca do tubarão mecânico Bruce. Esta imagem icônica dos bastidores contrasta com a realidade frustrante das filmagens, onde Bruce afundava regularmente e atrasava a produção por meses. O incidente com George Lucas, que ficou preso nas mandíbulas quando Spielberg travou o mecanismo, mostrou que mesmo em terra o tubarão era imprevisível. Fonte: Universal Pictures / CNN Behind the Scenes

Steven Spielberg posa de forma descontraída na boca do tubarão mecânico Bruce. Esta imagem icônica dos bastidores contrasta com a realidade frustrante das filmagens, onde Bruce afundava regularmente e atrasava a produção por meses. O incidente com George Lucas, que ficou preso nas mandíbulas quando Spielberg travou o mecanismo, mostrou que mesmo em terra o tubarão era imprevisível. Fonte: Universal Pictures / CNN Behind the Scenes

A solução veio da necessidade. Bruce não funcionava? Então, não mostraria Bruce. Spielberg começou a sugerir a presença do tubarão. Usava a câmera subjetiva. Mostrava a perspectiva do predador. Além disso, confiava na atuação dos atores.

John Williams compôs uma trilha sonora inesquecível. Duas notas simples. Dum-dum. Dum-dum. Esse som ficaria mais assustador que qualquer imagem. Consequentemente, a tensão aumentava sem mostrar o tubarão. O público imaginava. E a imaginação era mais poderosa.

Spielberg admite abertamente hoje. O fracasso de Bruce foi uma bênção. “Me forçou a ser mais criativo”, ele revelou. Assim, o filme ganhou algo inesperado. Suspense genuíno. Terror psicológico. Portanto, Tubarão se tornou mais que um filme de monstro. Virou um thriller magistral.

As Escolhas Difíceis do Elenco

Robert Duvall incentivou Spielberg a fazer o filme. Em troca, recebeu oferta de um papel importante. Porém, Duvall recusou. Nunca explicou o motivo. Mas sua recusa abriu espaço para outros atores.

Charlton Heston era o favorito para Brody. Todo mundo esperava sua escolha. Contudo, Spielberg tinha outras ideias. “Se escolhesse Heston, o público pensaria que o tubarão não tinha chance”, ele explicou. Heston era visto como herói invencível. Isso mataria a tensão.

A decisão enfureceu Heston. Ele teceu comentários depreciativos sobre Spielberg. Além disso, jurou nunca trabalhar com ele. Anos depois, Spielberg ofereceu um papel em “1941”. Heston recusou novamente. Manteve sua palavra até o fim.

155 Dias de Pesadelo no Oceano

Equipe técnica trabalha no tubarão mecânico Bruce em Martha's Vineyard durante a produção de Tubarão. Os três tubarões construídos custaram uma fortuna mas falharam espetacularmente em água salgada. Cada resgate de Bruce do fundo do oceano atrasava as filmagens por horas e aumentava os custos exponencialmente, transformando o que deveria ser 55 dias de filmagem em 155 dias de pesadelo. Fonte: Universal Pictures / Rare Historical Photos

Equipe técnica trabalha no tubarão mecânico Bruce em Martha’s Vineyard durante a produção de Tubarão. Os três tubarões construídos custaram uma fortuna mas falharam espetacularmente em água salgada. Cada resgate de Bruce do fundo do oceano atrasava as filmagens por horas e aumentava os custos exponencialmente, transformando o que deveria ser 55 dias de filmagem em 155 dias de pesadelo. Fonte: Universal Pictures / Rare Historical Photos

As filmagens deveriam durar 55 dias. Acabaram levando 155. Cada dia custava milhares de dólares. Além disso, o estresse afetava todos. Spielberg chegou ao limite físico e mental. Dormia no barco de produção. Acordava pensando em Bruce.

O diretor desenvolveu estresse pós-traumático. Sofreu com isso por anos. “Eu achava que seria demitido todo dia”, ele confessou. Porém, a Universal manteve a confiança. Ou talvez estivesse presa demais ao projeto para desistir.

A equipe enfrentava outros desafios também. Ondas atrapalhavam as filmagens. Barcos de curiosos invadiam o set. Além disso, o clima mudava constantemente. Cada problema adicionava mais atrasos. Consequentemente, o orçamento triplicou.

Histeria Que Tomou a América

20 de junho de 1975. Tubarão estreou nos cinemas. O sucesso foi instantâneo. Porém, veio acompanhado de consequências inesperadas. Uma histeria coletiva tomou conta dos Estados Unidos.

Uma praia na Califórnia foi evacuada. Salva-vidas viram “tubarões” na água. Mas eram apenas golfinhos. Ainda assim, o pânico era real. As pessoas tinham medo de entrar no mar.

Na Flórida, aconteceu algo pior. Um filhote de baleia cachalote encalhou. Transeuntes o confundiram com um tubarão. Então, espancaram o animal até a morte. Era um filhote inofensivo. Mas o medo cegou as pessoas.

O interesse pela pesca de tubarões explodiu. Milhares queriam matar o “vilão” do filme. Consequentemente, populações de tubarões despencaram. Spielberg se arrependeria disso pelo resto da vida.

470 Milhões de Dólares e Uma Lenda

Tubarão recuperou seus custos em duas semanas. Depois, continuou quebrando recordes. Em 78 dias, superou O Poderoso Chefão. Tornou-se a maior bilheteria da história. Além disso, arrecadou mais de 470 milhões de dólares mundialmente. Para 1975, era uma quantia astronômica.

O filme abriu em 409 cinemas simultaneamente. Isso era revolucionário na época. Além disso, a Universal investiu pesado em publicidade televisiva. Comerciais passavam em horário nobre. Consequentemente, todo mundo conhecia Tubarão antes mesmo da estreia. Era marketing moderno em ação.

Apenas Star Wars, lançado em 1977, superaria esse feito. Mas Tubarão havia mudado Hollywood para sempre. Criou o conceito de blockbuster de verão. Mostrou o poder do marketing massivo. Além disso, provou que suspense vende mais que ação. Estúdios estudaram sua fórmula por décadas.

Spielberg fez uma promessa após as filmagens. “Meu próximo filme será em terra seca”, ele jurou. Foi parcialmente fiel. Contatos Imediatos do Terceiro Grau tinha algumas cenas externas. Mas nada de oceano. Nada de água. E definitivamente nada de tubarões mecânicos. Ele havia aprendido a lição.

O Legado de Um Pesadelo

Cinquenta anos depois, Tubarão permanece icônico. A trilha sonora é instantaneamente reconhecível. As cenas são estudadas em escolas de cinema. Além disso, o filme moldou gerações de diretores.

Mas a história de Bruce ensina algo mais profundo. Limitações podem gerar criatividade. Problemas podem se tornar soluções. Assim, o tubarão que não funcionava criou o suspense que funcionou perfeitamente.

Spielberg transformou um desastre em obra-prima. Usou o fracasso como trampolim. Portanto, sua carreira não afundou com Bruce. Pelo contrário. Ela decolou para as estrelas. E tudo começou com um tubarão mecânico que não sabia nadar.

Referências:
Aventuras na História. Clássico do cinema: os tenebrosos bastidores do filme ‘Tubarão‘.
Karonte. Steven Spielberg durante as filmagens de Tubarão (Jaws).
Benchley, P., & Gottlieb, C. (1975). The Making of Jaws. Documentário. Universal Pictures.
IMDb. Jaws (1975) – Trivia.
USA Today. (2025). ‘Jaws’ behind the scenes: Movie that shaped our fears.
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