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Prêmio Nobel da Paz: O Aperto de Mão de Arafat e Rabin

Prêmio Nobel da Paz: O Aperto de Mão de Arafat e Rabin

Uma fotografia captura um momento impossível. Yitzhak Rabin estende a mão. Yasser Arafat a aceita. Bill Clinton sorri entre eles. Além disso, o mundo assiste em choque. Dois inimigos mortais se cumprimentam. Décadas de ódio parecem derreter naquele instante. Era 13 de setembro de 1993. O gramado da Casa Branca testemunhava história. No ano seguinte, o prêmio Nobel da Paz é condecorado à esses líderes.

Quando Inimigos Decidem Conversar

Oslo, Noruega, guardava um segredo em 1993. Negociações secretas aconteciam ali. Israelenses e palestinos conversavam. Porém, o mundo não sabia de nada. O Instituto Fafo hospedava as reuniões. Diplomatas trabalhavam em silêncio absoluto.

Rabin liderava Israel desde 1992. Militar experiente. General respeitado. Mas agora buscava paz. Arafat comandava a OLP há décadas. Líder controverso. Revolucionário palestino. Também queria mudança. Ambos entendiam algo fundamental. A guerra não tinha fim à vista.

As conversas avançaram lentamente. Cada palavra era pesada. Cada concessão doía. Além disso, extremistas de ambos os lados ameaçavam tudo. Mas os negociadores persistiram. Em 20 de agosto de 1993, chegaram a um acordo. Chamaram-no Declaração de Princípios.

O Dia Que o Mundo Parou

Washington D.C. preparou-se para algo histórico. A Casa Branca montou cerimônia no gramado. Câmeras de todo o planeta apontavam para lá. Ninguém sabia exatamente o que esperar. Mas todos sentiam a importância.

Mahmoud Abbas assinou pelos palestinos. Shimon Peres assinou por Israel. Warren Christopher testemunhou pelos Estados Unidos. Andrei Kozyrev representou a Rússia. Porém, o momento crucial ainda estava por vir.

Clinton pediu que os líderes se cumprimentassem. Rabin hesitou visivelmente. Décadas de conflito pesavam sobre ele. Arafat estendeu a mão primeiro. O presidente americano encorajou suavemente. Então aconteceu. As mãos se encontraram. O aperto durou segundos. Mas mudou tudo.

O Que Eles Prometeram

Os Acordos de Oslo continham 17 artigos. Criavam a Autoridade Nacional Palestina. Israel reconhecia a OLP oficialmente. A OLP reconhecia o direito de Israel existir. Além disso, prometiam retirada de tropas israelenses.

Gaza e Jericó seriam as primeiras áreas. Palestinos teriam autogoverno interino. Eleições aconteceriam em breve. Cooperação econômica seria estabelecida. Tudo parecia possível naquele momento.

Porém, questões difíceis foram adiadas. Jerusalém ficou para depois. Refugiados palestinos também. Assentamentos israelenses igualmente. Fronteiras finais seriam negociadas mais tarde. Essa decisão custaria caro.

Um Prêmio Nobel da Paz Para Três Homens Corajosos

Outubro de 1994 trouxe reconhecimento internacional. O Comitê Nobel anunciou sua decisão. Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin dividiriam o prêmio. Cada um receberia um terço. A justificativa era clara. “Por seus esforços para criar paz no Oriente Médio.”

A cerimônia aconteceu em Oslo. Ironia geográfica perfeita. A cidade que hospedou negociações secretas agora celebrava publicamente. Os três líderes discursaram. Falaram de esperança. Mencionaram sacrifícios necessários. Além disso, reconheceram o caminho difícil à frente.

Críticos questionaram o prêmio imediatamente. Arafat tinha passado controverso. Acusações de terrorismo o perseguiam. Rabin também enfrentava oposição feroz. Extremistas judeus o chamavam de traidor. Mas o Comitê Nobel defendeu sua escolha. Premiava coragem, não perfeição.

Quando a Esperança Encontra a Realidade

A implementação dos acordos começou devagar. Arafat retornou aos territórios palestinos. Recebeu ovação de milhares. A Autoridade Nacional Palestina foi estabelecida. Eleições palestinas aconteceram. Porém, problemas surgiram rapidamente.

Extremistas de ambos os lados atacaram. Hamas rejeitou completamente os acordos. Jihad Islâmica também. Lançaram ataques terroristas contra civis israelenses. Além disso, colonos judeus expandiram assentamentos. Violavam o espírito do acordo.

Rabin enfrentava oposição crescente em casa. Manifestações contra ele se multiplicavam. Cartazes o retratavam com uniforme nazista. Rabinos de extrema-direita o amaldiçoavam. A atmosfera ficava cada vez mais tóxica.

A Bala Que Matou a Paz

Quatro de novembro de 1995 mudou tudo. Rabin discursava em comício pela paz. Tel Aviv estava lotada. Milhares apoiavam os acordos. O primeiro-ministro falava com paixão. Então terminou e desceu do palco.

Yigal Amir esperava nas sombras. Extremista judeu de 25 anos. Estudante de direito. Mas também assassino determinado. Sacou uma pistola. Disparou três vezes nas costas de Rabin. O líder caiu mortalmente ferido.

Rabin morreu no hospital pouco depois. Israel entrou em choque profundo. O processo de paz perdeu seu maior defensor. Shimon Peres assumiu como primeiro-ministro. Tentou continuar as negociações. Mas o momento havia passado.

O Legado de Um Aperto de Mão

Os anos seguintes trouxeram mais violência. A Segunda Intifada explodiu em 2000. Milhares morreram de ambos os lados. Negociações finais colapsaram completamente. Israel construiu muro de separação. Além disso, Gaza ficou isolada.

Arafat morreu em 2004. Circunstâncias misteriosas cercaram sua morte. Peres continuou na política até 2016. Serviu como presidente de Israel. Mas nunca conseguiu reviver o processo de paz. O sonho de Oslo parecia morto.

Hoje, o conflito continua. Jerusalém permanece dividida. Refugiados ainda esperam retorno. Assentamentos se expandiram massivamente. Fronteiras nunca foram definidas. Todas as questões adiadas em 1993 permanecem sem solução.

O Significado Daquele Momento

O aperto de mão de 1993 representou algo raro. Inimigos escolheram diálogo sobre violência. Líderes arriscaram tudo pela paz. Reconheceram a humanidade uns dos outros. Além disso, ofereceram esperança a milhões.

O fracasso dos acordos não apaga essa coragem. Rabin pagou com a vida. Arafat enfrentou divisão entre seu povo. Peres carregou o peso do sonho não realizado. Mas todos três tentaram algo extraordinário.

A fotografia daquele aperto de mão permanece poderosa. Mostra que até os conflitos mais intratáveis podem ter momentos de esperança. Prova que líderes podem escolher paz sobre guerra. Além disso, lembra que a coragem de negociar merece reconhecimento.

Por Que a Paz Não Veio?

Múltiplos fatores condenaram Oslo. Extremistas de ambos os lados sabotaram ativamente. Questões cruciais foram adiadas demais. Confiança nunca foi totalmente estabelecida. Além disso, o assassinato de Rabin foi devastador.

Assentamentos israelenses continuaram crescendo. Violaram o espírito do acordo. Ataques terroristas mataram civis inocentes. Minaram apoio público à paz. Cada lado culpou o outro. O ciclo de violência se perpetuou.

A comunidade internacional não pressionou suficientemente. Estados Unidos tentaram mediar. Mas não impuseram consequências reais. Europa protestou verbalmente. Porém, não agiu decisivamente. A janela de oportunidade fechou.

Três Décadas Depois Após o Prêmio Nobel da Paz de 1994

Hoje, olhamos aquela fotografia com sentimentos mistos. Representa esperança que não se concretizou. Mostra coragem que não foi suficiente. Além disso, documenta momento em que paz parecia possível.

Novas gerações cresceram sem conhecer aquela esperança. Israelenses e palestinos vivem realidades cada vez mais separadas. O sonho de dois Estados parece mais distante. Mas a fotografia permanece. Testemunha silenciosa de que tentaram.

O Nobel da Paz de 1994 permanece controverso. Alguns o veem como prematuro. Outros como reconhecimento necessário. Mas todos concordam em algo. Aqueles três homens tiveram coragem extraordinária. Arriscaram tudo. Tentaram o impossível. Isso merece ser lembrado.

Referências:
NobelPrize.org. The Nobel Peace Prize 1994.
Wikipedia. Oslo I Accord.
U.S. Department of State. The Oslo Accords and the Arab-Israeli Peace Process.
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