Inês de Castro – A Trágica História da Rainha Morta
Inês de Castro, uma das figuras mais lendárias e trágicas da história de Portugal, é lembrada como “a Rainha Morta”. Sua vida e morte estão envoltas em uma aura de poder, romance e tragédia, que inspiraram inúmeras obras artísticas e literárias ao longo dos séculos. O amor entre Inês e Pedro I de Portugal, o “Rei Justiceiro”, e os eventos que levaram à sua morte são partes centrais de uma das mais dramáticas histórias da monarquia portuguesa.
Ascensão de Inês de Castro
Inês de Castro nasceu em 1325, provavelmente na Galícia, Reino de Leão, parte do que hoje é a Espanha. Inês era filha de uma nobre família galega e foi apresentada à corte portuguesa como dama de companhia de Constança Manuel, esposa do infante Pedro, que mais tarde se tornaria Pedro I de Portugal.
Apesar de ser casado com Constança, Pedro apaixonou-se perdidamente por Inês de Castro. A relação entre os dois se tornou pública e, com o tempo, Inês e Pedro passaram a viver juntos, uma situação que escandalizou a corte e irritou profundamente o pai de Pedro, o rei Afonso IV.
O amor entre Pedro e Inês foi altamente controverso, pois, além do fato de Pedro já ser casado, Inês era vista como uma ameaça política. Seus irmãos tinham forte influência em Castela, o que levantava preocupações de que a ligação entre Pedro e Inês pudesse envolver Portugal em conflitos com o reino vizinho.
Mesmo após a morte de Constança em 1345, o relacionamento entre Pedro e Inês foi amplamente condenado pela corte. Contudo, Pedro permaneceu ao lado de Inês, com quem teve vários filhos, aumentando ainda mais a tensão política.
A Tragédia – Assassinato de Inês
Preocupado com a estabilidade do reino e temendo a crescente influência dos irmãos de Inês, o rei Afonso IV tomou a decisão de eliminá-la. Em 7 de janeiro de 1355, enquanto Pedro estava fora em uma caçada, Inês foi assassinada em Coimbra por três fidalgos a mando do rei: Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco. Inês foi brutalmente morta na Quinta das Lágrimas, onde vivia com seus filhos.
A Vingança de Pedro I
A morte de Inês provocou uma profunda dor e ira em Pedro, que se rebelou contra seu pai, desencadeando uma guerra civil. Embora a reconciliação entre pai e filho tenha ocorrido posteriormente, o ódio de Pedro pelos assassinos de Inês nunca diminuiu.
Quando Pedro I ascendeu ao trono em 1357, o rei coroado buscou vingar a morte de sua amada. Ordenou a captura dos assassinos de Inês, com exceção de Diogo Lopes Pacheco, que conseguiu fugir. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram capturados e executados de maneira brutal, em uma vingança conhecida por sua crueldade: segundo relatos, Pedro teria arrancado o coração dos dois homens com as próprias mãos, um por meio do peito e outro pelas costas.
Coroação Póstuma de Inês de Castro
A lenda mais famosa envolvendo Inês de Castro é a de sua coroação póstuma. Segundo a tradição, Pedro I teria mandado exumar o corpo de Inês e o coroou como rainha de Portugal, forçando os nobres da corte a beijar a mão da rainha morta em sinal de respeito. Embora essa história tenha sido amplamente romantizada ao longo dos séculos, não há consenso entre os historiadores sobre sua veracidade. Este ato simbólico de coroação post-mortem de Inês deu origem à expressão “Agora, Inês é morta”, referindo-se à ideia de “agora é tarde demais”.
Inês de Castro foi enterrada no Mosteiro de Alcobaça, em um túmulo esplendidamente decorado. Pedro ordenou que seu próprio túmulo fosse colocado em frente ao de Inês, de modo que, segundo a tradição, eles pudessem se olhar nos olhos na eternidade. As palavras inscritas nos túmulos reforçam o mito do amor eterno: “até ao fim do mundo”.