Múmia que Grita: O Mistério do “Homem Desconhecido”
A “Múmia que Grita” é uma das descobertas mais enigmáticas da arqueologia egípcia. Encontrada em 1886 em um sarcófago sem identificação no Vale dos Reis, esta múmia, também conhecida como “Unknown Man E”, despertou a curiosidade de cientistas e egiptólogos devido à sua aparência única e as circunstâncias misteriosas de sua morte.
Descoberta
A múmia foi descoberta pelo egiptólogo Gaston Maspero no complexo funerário de Deir el-Bahari, perto do Vale dos Reis. Ao contrário de outras múmias reais cuidadosamente preservadas e envoltas em linho, “Unknown Man E” foi encontrada em um estado incomum. Seu corpo estava envolto em pele de ovelha, um material considerado impuro pelos antigos egípcios, sugerindo que ele não recebeu um enterro tradicional.
A característica mais notável da múmia é a expressão de agonia em seu rosto, com a boca aberta como se estivesse gritando. Essa aparência incomum levou à denominação popular de “Múmia que Grita”. Os braços e pernas também estavam posicionados de forma atípica para uma múmia egípcia, sugerindo que ele pode ter morrido em circunstâncias extremas.
Análises modernas, incluindo exames de DNA e tomografias computadorizadas revelaram que o “Unknown Man E” tinha cerca de 18 a 20 anos de idade na época de sua morte e possuía características genéticas que poderiam ligá-lo à família real de Ramsés III. Além disso, a falta de feridas visíveis no esqueleto sugere que ele não morreu de uma lesão física, mas possivelmente de envenenamento ou estrangulamento.
Teorias sobre a Identidade da Múmia que Grita
Várias teorias foram propostas para explicar a identidade e a causa da morte do “Unknown Man E”:
Pentaur, o Príncipe Rebelde
Uma das teorias mais aceitas é que a múmia pode ser Pentaur, filho do faraó Ramsés III. De acordo com documentos históricos, Pentaur teria sido condenado à morte após se envolver em uma conspiração para assassinar seu pai. Textos antigos descrevem como os conspiradores foram julgados e punidos, com alguns recebendo a sentença de morte. A condição da múmia e o tratamento incomum do corpo sugerem que a pessoa pode ter sido punida e privada de um enterro honroso.
Execução ou Suicídio
Outra teoria é que o “Unknown Man E” pode ter sido executado ou forçado a cometer suicídio. A expressão facial da múmia e a posição do corpo indicam uma morte cruel e rápida. Alguns especialistas sugerem que ele pode ter sido envenenado ou estrangulado, resultando na contração muscular que deixou a boca aberta.
Referências Bibliográficas
Maspero, Gaston. Manual of Egyptian Archaeology and Guide to the Study of Antiquities in Egypt. H. Grevel & Co., 1895.
Smith, G. Elliot. The Royal Mummies. Duckworth, 2000.
Wilkinson, Richard H. The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt. Thames & Hudson, 2003.
Hawass, Zahi. Silent Images: Women in Pharanoic Egypt. The American University in Cairo Press, 2000.
Wade, Nicholas J., and John H. Taylor. The Oxford Handbook of the Valley of the Kings. Oxford University Press, 2016.
Brier, Bob. The Murder of Tutankhamen: A True Story. Berkley Trade, 1999.
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