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Kryptos: A Escultura Enigmática na Sede da CIA

Kryptos: A Escultura Enigmática na Sede da CIA

Kryptos é uma escultura de arte contemporânea criada pelo artista americano Jim Sanborn. A obra foi instalada em 1990 no pátio da sede da CIA (Central Intelligence Agency) em Langley, Virgínia. A obra é famosa por seu enigma complexo e não resolvido, que tem intrigado criptógrafos e entusiastas de quebra-cabeças por mais de três décadas. Composta de quatro seções de texto cifrado, das quais três foram decifradas, Kryptos continua a desafiar mentes ao redor do mundo, enquanto o código final permanece um mistério.

O Conceito da Obra

A escultura Kryptos foi encomendada pela CIA como parte de um esforço para incorporar arte pública em sua nova sede, na época em construção. Jim Sanborn, o artista escolhido para o projeto, foi inspirado pelo trabalho da CIA em criptografia e espionagem. Kryptos foi concebida como uma homenagem ao ofício da criptografia, criando uma obra de arte que não só embelezaria o espaço, mas também serviria como um enigma desafiador para os funcionários da agência e para o público em geral.

Kryptos é feita de uma grande folha de cobre curvada, com aproximadamente 3,7 metros de altura e 6 metros de comprimento. A escultura é perfurada com mais de 1.800 caracteres, organizados em quatro seções, cada uma contendo um código cifrado diferente. A obra também inclui elementos como granito, quartzito e uma fonte de água, o que adiciona uma dimensão visual e física à experiência de decifração.

Os Quatro Códigos de Kryptos

Três desses enigmas já foram desvendados na década de 1990, porém existe um até hoje indecifrável. Sandborn alegou que a escultura como um todo traz um enigma dentro de um enigma.

Seção 1: Jogo de Luz e Sombra

A primeira seção de Kryptos foi decifrada em 1999 por um analista da CIA, David Stein. A seção contém a seguinte mensagem:

“Between subtle shading and the absence of light lies the nuance of illusion.”

A frase sugere um jogo de luz e sombra, refletindo a natureza ilusória do trabalho de criptografia e inteligência.

Seção 2: Tecnologia de Comunicação Secreta

A segunda seção também foi decifrada em 1999 e revela uma passagem que pode ser traduzida como:

“It was totally invisible. How’s that possible? They used the Earth’s magnetic field. The information was gathered and transmitted underground to an unknown location. Does Langley know about this? They should: It’s buried out there somewhere. X marks the spot.”

A mensagem parece se referir a uma tecnologia de comunicação secreta, ou possivelmente a um mistério enterrado fisicamente em algum lugar.

Seção 3: A Abertura do Túmulo de Tutankhamun em 26 de novembro de 1922.

A terceira seção, decifrada em 1999, contém um texto que é uma referência ao telegrama de Howard Carter, o arqueólogo britânico que descobriu a tumba do faraó Tutancâmon em 1922:

“Slowly, desparately slowly, the remains of passage debris that encumbered the lower part of the doorway was removed. With trembling hands I made a tiny breach in the upper left-hand corner. And then, widening the hole a little, I inserted the candle and peered in. The hot air escaping from the chamber caused the flame to flicker, but presently details of the room within emerged from the mist.”

Essa seção descreve a ansiedade e o suspense da descoberta arqueológica e pode ser interpretada como uma metáfora para o processo de descoberta e decifração de segredos.

Seção 4: O Enigma Não Resolvido de Kryptos

A quarta e última seção de Kryptos, composta por 97 caracteres, continua a ser um mistério não resolvido. Apesar de várias tentativas por parte de criptógrafos profissionais, amadores e até mesmo pela comunidade de inteligência, ninguém conseguiu decifrar completamente esta última parte. Jim Sanborn, o artista, revelou algumas pistas ao longo dos anos, mas a solução final ainda escapa à compreensão.

Em 2010, Jim Sanborn revelou que os primeiros seis caracteres dessa seção, “NYPVTT”, quando decifrados, formam a palavra “BERLIN”. Em 2014, ele indicou que a palavra “clock” (relógio) também faz parte do texto cifrado. Essas pistas, contudo, ainda não levaram à resolução completa do enigma.

Kryptos é amplamente reconhecida como um dos maiores desafios de criptografia moderna. A escultura é usada como uma ferramenta educativa em cursos de criptografia e matemática, desafiando os alunos a aplicar técnicas avançadas de criptografia e lógica para resolver o enigma.

Referências
Sanborn, Jim. Kryptos: The Enigmatic Sculpture. Cryptic Art Editions, 1990.
Levy, Steven. Crypto: How the Code Rebels Beat the Government—Saving Privacy in the Digital Age. Penguin Books, 2001.
Scheeres, Julia. “Cracking the Code of ‘Kryptos’.” Wired, 2005.
Berra, Lindsay. “The Mysteries of ‘Kryptos’.” Smithsonian Magazine, 2013.
Smith, Richard. The Code Book: The Science of Secrecy from Ancient Egypt to Quantum Cryptography. Anchor Books, 2000.
Singh, Simon. The Code Book: The Secret History of Codes and Code-breaking. Fourth Estate, 1999.
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