Sudão – O Último Rinoceronte-Branco-do-Norte
O último rinoceronte-branco-do-norte, chamado Sudão, tornou-se um símbolo trágico da extinção de espécies causada pela atividade humana. Sudão viveu seus últimos anos em Ol Pejeta Conservancy, no Quênia, sob proteção constante, até sua morte em 2018. Na foto, uma equipe de anti-caçadores de rinocerontes selvagens protegia Sudão, o último rinoceronte-branco-do-norte, durante um período de vigilância de 24 horas, em Ol Pejeta Conservancy, no Quênia.
O Rinoceronte-Branco-do-Norte
O rinoceronte-branco-do-norte (Ceratotherium simum cottoni) é uma subespécie do rinoceronte-branco, distinta do rinoceronte-branco-do-sul, que ainda possui populações mais numerosas. Originalmente encontrado em partes da Uganda, Chade, Sudão, República Centro-Africana e República Democrática do Congo, o rinoceronte-branco-do-norte foi severamente dizimado pela caça furtiva, que visava seus chifres, altamente valorizados no mercado negro.
Até o final do século XX, a população de rinocerontes-brancos-do-norte havia caído drasticamente, e em 2008, foi confirmado que a subespécie estava extinta na natureza. Os poucos indivíduos restantes viviam em cativeiro, sendo Sudão um dos mais importantes por seu papel crucial em esforços de reprodução.
A Vida do Rinoceronte Sudão
Sudão nasceu na natureza em 1973, na atual região do Sudão do Sul. Ainda jovem, foi capturado e levado para o zoológico de Dvůr Králové, atual República Checa, onde passou a maior parte de sua vida. Em 2009, foi transferido para Ol Pejeta Conservancy, no Quênia, como parte de um esforço desesperado para salvar a subespécie da extinção através de programas de reprodução.
Em Ol Pejeta, Sudão viveu sob proteção armada 24 horas por dia, em uma tentativa de protegê-lo da ameaça constante de caçadores. Embora a esperança fosse que Sudão pudesse se reproduzir naturalmente, os esforços falharam devido à problemas de fertilidade e idade avançada. Sudão era acompanhado por duas fêmeas, Najin e Fatu, que, infelizmente, também não conseguiram reproduzir-se naturalmente.
Em março de 2018, Sudão, então com 45 anos, foi eutanasiado devido a complicações de saúde relacionadas à sua idade, como infecções e problemas nos músculos e ossos. Com sua morte, o mundo perdeu o último macho da subespécie, deixando apenas duas fêmeas vivas, ambas incapazes de reproduzir naturalmente.
A Caça Ilegal de Rinocerontes
Apesar da caça ser ilegal a nível mundial, a sua demanda aumentou vertiginosamente depois que uma classe média/rica disposta a pagar o preço pela mercadoria se ascendeu na Ásia. Somente a África do Sul perdeu mais de 400 rinocerontes para a caça ilegal somente em 2011. Estimam-se que restam menos de 16.000 rinocerontes no mundo.
O chifre do rinoceronte é usado principalmente como medicamento antitérmico e antitoxina, em uma prática que é realizada há muitos séculos. Autoridades são muitas vezes subornadas para não coibirem o comércio ilegal e o uso de chifre de rinoceronte.
No Vietnã, onde um ministro sênior do governo afirmou que o chifre do rinoceronte curou seu câncer, 100g do chifre são vendidos por até 1.865 euros a população local e por até 6.340 para compradores estrangeiros. Vez que o corno de rinoceronte vale mais do que o ouro, os animais se tornam alvo de caçadores.
Esforços de Conservação de Sudão e do Rinoceronte-Branco-do-Norte
A morte de Sudão não significou o fim completo das esperanças de salvar a subespécie. Cientistas e conservacionistas estão agora explorando técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), utilizando esperma de Sudão e outros machos coletado antes de sua morte, bem como óvulos das fêmeas remanescentes. O objetivo é criar embriões que possam ser implantados em uma fêmea substituta, possivelmente de rinocerontes-brancos-do-sul, na esperança de reviver a subespécie.