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Roda dos Enjeitados – A História da Roda dos Expostos

Roda dos Enjeitados – A História da Roda dos Expostos

A “Roda dos Enjeitados” ou “Roda dos Expostos” foi uma instituição criada para receber bebês abandonados por seus pais. Este mecanismo foi amplamente utilizado em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, durante os séculos XVIII e XIX. O “Asylo dos Expostos” é um exemplo notável desta prática no Brasil e Portugal.

Imagem: Roda dos Expostos no Hospital Espírito Santo, em Roma, Itália.

A Origem da Roda dos Enjeitados

A prática da “Roda dos Expostos” teve origem na Europa medieval, sendo implementada inicialmente na Itália no século XIII. Foi concebida como uma solução para o problema do abandono de recém-nascidos. Muitas mães solteiras, mulheres em extrema pobreza ou famílias incapazes de sustentar mais crianças utilizavam este recurso para deixar seus bebês em um lugar onde pudessem ser cuidados.

A “roda” era um cilindro de madeira instalado em uma fachada ou muro de um convento, hospital ou instituição de caridade. A mãe ou a pessoa que abandonava o bebê colocava-o dentro da roda, girava-a para que a criança fosse levada para o interior da instituição, onde seria cuidada. Este processo permitia o anonimato de quem deixava a criança, minimizando o estigma social e a possibilidade de punição.

O Asylo dos Expostos

Diversas crianças que foram abandonadas na roda dos expostos (roda dos enjeitados), no “Asylo dos Expostos”. Foto retirada da Revista A Cigarra, Ano VI, nº 121, de 1º de outubro de 1919.

Diversas crianças que foram abandonadas na roda dos expostos (roda dos enjeitados), no “Asylo dos Expostos”. Foto retirada da Revista A Cigarra, Ano VI, nº 121, de 1º de outubro de 1919.

O “Asylo dos Expostos” foi uma instituição estabelecida em Lisboa, Portugal, no século XVIII, com o objetivo de acolher crianças abandonadas. Este modelo foi adotado em várias colônias portuguesas, incluindo o Brasil. No Brasil, a primeira Roda dos Expostos foi criada na Santa Casa de Misericórdia de Salvador, em 1726.

O objetivo principal do Asylo dos Expostos era proporcionar abrigo e cuidado às crianças que, de outra forma, poderiam morrer nas ruas ou serem vítimas de infanticídio. As crianças recebiam abrigo, alimentação, batismo e educação básica. Muitas delas eram posteriormente encaminhadas para adoção ou trabalho em lares de famílias que podiam cuidar delas.

No final do século XIX e início do século XX, a roda dos expostos foi gradualmente sendo desativada em muitas regiões. As reformas sociais e as mudanças nas políticas de assistência à infância começaram a focar mais na prevenção do abandono através de apoio às famílias necessitadas, programas de bem-estar social e sistemas de adoção formal.

Referências
Carvalho, José Murilo de. Cidadania no Brasil: O Longo Caminho. Civilização Brasileira, 2001.
Farias, João. Infância Abandonada: As Rodas dos Expostos no Brasil Colonial. Editora Unesp, 1999.
Maciel, Maria Beatriz Nizza da Silva. História das Crianças no Brasil. Contexto, 2002.
Pinto, Surama Conde Sá. História das Crianças Abandonadas: Da Roda dos Expostos ao Juizado de Menores. Editora UFMG, 2008.
Benevides, Maria Vitória de Mesquita. A História Social da Criança Abandonada no Brasil. Paz e Terra, 1981.
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