Preto Amaral: O Primeiro Assassino em Série do Brasil
Preto Amaral, cujo nome verdadeiro era José Augusto do Amaral, é reconhecido como o primeiro assassino em série documentado na história do Brasil. Sua trajetória criminosa, que ocorreu no início do século XX, deixou um rastro de violência que chocou a sociedade da época e continua a ser estudada como um caso emblemático de criminologia no país.
Origem e Vida de Preto Amaral
José Augusto do Amaral nasceu em 1871 em Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo, em uma família pobre e enfrentou uma vida marcada pela exclusão racial e social. Apesar da Lei do Ventre Livre (1871) dar liberdade a filhos de escravos a partir de sua promulgação, Preto Amaral, filho de pais escravizados oriundos do Moçambique e Congo, apenas viu sua liberdade quando tinha 17 anos, com a assinatura da Lei Áurea.
Em sua juventude, Amaral foi alistado no Exército Brasileiro, chegando à patente de tenente na Guerra dos Canudos. Contudo, Amaral sempre protagonizava episódios de indisciplina, até que, durante sua lotação no Exército Nacional em Bagé, foi preso e cumpriu sete meses de prisão no quartel antes de ser desligado das Forças Armadas. Posteriormente, passou a viver como andarilho e se envolveu em pequenos crimes, se mudando frequentemente de cidade.
Os Crimes de Preto Amaral
Entre 1926 e 1927, Preto Amaral foi responsável por uma série de assassinatos na cidade de São Paulo. Seu modus operandi envolvia atrair jovens para locais isolados, onde os atacava violentamente. Confessou ter matado três vítimas, todas adolescentes do sexo masculino. O padrão de seus crimes incluía abuso sexual e estrangulamento, seguido pelo abandono dos corpos em locais remotos.
As autoridades começaram a investigar os desaparecimentos e mortes quando os corpos das vítimas foram encontrados em avançado estado de decomposição. A investigação policial levou à captura de José Augusto do Amaral, que foi preso em 1927. Durante os interrogatórios, Preto Amaral confessou os assassinatos, fornecendo detalhes que corroboravam com as evidências encontradas pela polícia.
Julgamento
Preto Amaral confessou seus crimes, mas alegou que agia sob impulsos que não conseguia controlar. Durante seu julgamento, Amaral foi submetido a exames psiquiátricos que diagnosticaram distúrbios mentais, incluindo tendências homicidas e parafilias. Na época, a psiquiatria forense no Brasil ainda estava em seus estágios iniciais e o caso de Preto Amaral foi um dos primeiros a receber atenção científica.
Amaral foi condenado à prisão, mas não chegou a cumprir sua sentença por muito tempo. Morreu em 1927, aos 56 anos, de causas naturais enquanto estava encarcerado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em São Paulo. Sua morte encerrou a breve, mas chocante, carreira do primeiro assassino em série registrado no Brasil.