Múmias de Llullaillaco – Rituais do Mundo Inca
As múmias de Llullaillaco foram descobertas em 1999 por uma equipe de arqueólogos liderada por Johan Reinhard e Constanza Ceruti. Encontradas no vulcão Llullaillaco, na Cordilheira dos Andes, na fronteira entre a Argentina e o Chile, estas múmias representam um dos achados arqueológicos mais bem preservados do mundo inca. A descoberta incluiu três corpos: uma menina de 13 anos, um menino de cerca de 7 anos e uma menina de 5 anos, todos sacrificados como parte de um ritual religioso inca conhecido como capacocha.
O ritual de Capacocha
Os incas realizavam o ritual de capacocha para homenagear os deuses e garantir a fertilidade das terras e a prosperidade do império. Crianças de alta linhagem eram escolhidas por sua beleza e saúde para serem sacrificadas e enterradas em locais sagrados, como os picos das montanhas, onde se acreditava que os deuses residiam. Estes sacrifícios eram realizados em ocasiões importantes, como a morte de um imperador ou eventos climáticos extremos, como inundações ou secas.
As Múmias de Llullaillaco
As múmias de Llullaillaco são notáveis por seu estado excepcional de preservação. A altitude elevada de aproximadamente 6.700 metros e as baixas temperaturas das montanhas andinas criaram condições ideais para a mumificação natural. O frio extremo, a baixa umidade e a escassez de oxigênio retardaram a decomposição, mantendo os corpos, roupas e artefatos em condições quase perfeitas por mais de 500 anos.
Pesquisadores realizaram várias análises nos corpos das múmias, incluindo análises químicas, exames de DNA e tomografias computadorizadas. Estes estudos forneceram informações valiosas sobre a vida e a saúde das crianças, bem como sobre os costumes e práticas religiosas dos incas. Os resultados revelaram a presença de substâncias como álcool e coca, usadas para sedar as crianças antes do sacrifício. Além disso, análises de DNA ajudaram a compreender melhor a genética da população inca.
A Donzela
Entre as múmias, a menina de 13 anos, conhecida como “La Doncella” ou “A Donzela”, é a mais famosa. Seu corpo está tão bem preservado que ainda possui pele, cabelo e vestimentas intactas. Análises científicas revelaram que a jovem consumiu uma dieta rica em proteínas e coca nos meses anteriores ao sacrifício, o que sugere que foi preparada para este destino por um longo período.
A Menina do Raio
Outra múmia, uma menina de 5 anos, conhecida como “A Menina do Raio”, apresenta sinais de que foi atingida por um raio após sua morte, o que danificou parcialmente sua mumificação.
Impacto Cultural e Histórico das Múmias de Llullaillaco
A descoberta das múmias de Llullaillaco forneceu insights significativos sobre a sociedade inca, seus rituais religiosos e suas práticas de sacrifício. As múmias são uma janela para o passado, permitindo aos cientistas e ao público entender melhor a complexidade e a sofisticação da cultura inca. Além disso, o achado despertou um interesse renovado na preservação de sítios arqueológicos de alta altitude e na proteção do patrimônio cultural da região andina.
As múmias de Llullaillaco são exibidas no Museu de Arqueologia de Alta Montanha (MAAM) em Salta, Argentina. O museu foi especialmente projetado para garantir a conservação adequada das múmias, mantendo-as em condições controladas de temperatura e umidade. A exibição das múmias é acompanhada de explicações detalhadas sobre sua descoberta, contexto histórico e os resultados das pesquisas científicas, proporcionando uma experiência educativa e respeitosa para os visitantes.