De Volta do Paraguai – A Caricatura de Ângelo Agostini
A caricatura “De volta do Paraguai”, de Ângelo Agostini, publicada na revista Vida Fluminense em junho de 1870, é uma poderosa crítica social que aborda as contradições e hipocrisias da sociedade brasileira no período pós-Guerra do Paraguai. A imagem retrata um ex-escravo condecorado durante a guerra, retornando ao Brasil e encontrando sua mãe sendo açoitada em um pelourinho. Esta obra expõe a amarga realidade dos escravos e dos negros livres no Brasil do século XIX.
A Guerra do Paraguai e a Participação dos Escravos
A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Envolvendo o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, a guerra teve um impacto profundo na sociedade brasileira. Muitos escravos foram alistados no exército brasileiro com a promessa de liberdade ao final do conflito. Esses soldados escravizados lutaram bravamente e alguns receberam condecorações por sua coragem durante o serviço.
“De Volta do Paraguai” – A Caricatura de Ângelo Agostini
Ângelo Agostini, um dos pioneiros do jornalismo ilustrado no Brasil, utilizou suas caricaturas para criticar a desigualdade social e injustiça. Em “De volta do Paraguai”, Agostini ilustra o retorno de um soldado negro, condecorado por sua bravura na guerra, que se depara com a cruel realidade da escravidão ainda presente em seu país. Sua mãe, ainda escrava, é retratada sendo açoitada em um pelourinho, simbolizando a perpetuação da violência e opressão contra os negros, mesmo aqueles que haviam lutado pelo país.
A caricatura de Agostini destaca a ironia e a hipocrisia da sociedade brasileira da época. Enquanto os ex-escravos que lutaram na guerra eram reconhecidos por seu serviço militar, a escravidão continuava a ser uma prática brutal e generalizada. A imagem provoca reflexão sobre a injustiça e a falta de reconhecimento dos direitos dos negros, mesmo após terem contribuído significativamente para a nação.