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Congo – O Desespero de Nsala e Boali

Congo – O Desespero de Nsala e Boali

No início do século XX, o Congo, sob domínio belga, foi palco de atrocidades terríveis. Em 1904, Nsala, um pai congolês, contemplava com desespero a mão e o pé de sua filha Boali, cortados como punição. Esse ato brutal resultou do não cumprimento da cota diária de extração de borracha, um cenário comum durante o regime colonial belga no Congo.

O Regime Sanguinário de Leopold II

O rei Leopold II da Bélgica estabeleceu o Estado Livre do Congo como sua propriedade pessoal em 1885. Com foco na extração de borracha, utilizou métodos opressivos para maximizar os lucros. O trabalho forçado tornou-se a norma, e as punições por não cumprimento das cotas eram severas, incluindo mutilações e execuções.

A demanda global por borracha crescia, especialmente devido à industrialização e ao surgimento de bicicletas e carros. Os trabalhadores congoleses eram obrigados a extrair látex de seringueiras em quantidades humanamente impossíveis. O não cumprimento dessas metas resultava em punições cruéis, como a sofrida por Boali e outras crianças.

O Congo esteve sob o domínio do rei Leopoldo II entre os anos 1885-1908. Durante os 23 anos de reinado, Leopold II massacrou 10 milhões de africanos, cortando suas mãos e órgãos genitais como castigo, flagelando-os até a morte e condenando-os a fome em trabalhos forçados; entrando para a história como um dos maiores escândalos de barbárie internacional do início do século XX.

A Vida de Nsala e Boali no Congo

Nsala e sua filha Boali viveram em uma aldeia no Congo, onde a extração de borracha dominava a vida cotidiana. Nsala, como muitos outros pais, enfrentava a pressão constante de cumprir as cotas impostas pelos capatazes coloniais. A mutilação de Boali exemplifica a brutalidade extrema do regime colonial belga.

A história por trás da foto é contada pela fotógrafa Alice Seeley Harris que registrou o momento devastador. Em seu livro “Do not Call Me Lady: The Journey of Lady Alice Seeley Harris“, Alice conta que o nome do pai era Nsala. Como se não bastasse o castigo cruel contra a criança de 5 anos, o exército belga a matou logo em seguida junto de sua mãe. Ao final, entregaram o pé e a mão da criança ao pai como um aviso.

As mutilações, como a de Boali, eram usadas para incutir medo nas comunidades congolesas. Mãos e pés cortados eram frequentemente exibidos como advertências. Tais práticas resultaram em traumas físicos e psicológicos profundos, deixando cicatrizes permanentes nas vítimas e suas famílias.

A Reação Internacional

A fotografia de Nsala e Boali tornou-se um símbolo poderoso da opressão colonial. Quando publicada, gerou indignação global, levando a campanhas contra as atrocidades no Congo. Organizações e indivíduos começaram a pressionar pela reforma do regime colonial belga, culminando na transferência do controle do Congo para o governo belga em 1908.

Ativistas, jornalistas e missionários desempenharam papéis cruciais na exposição das atrocidades no Congo. As campanhas de reforma utilizaram imagens e relatos de vítimas para mobilizar a opinião pública. O episódio de Nsala e Boali é um dos muitos exemplos das atrocidades cometidas durante a era colonial no Congo. A brutalidade das práticas coloniais belgas gerou indignação global e mobilizou esforços para reformar o regime opressor. Contudo, o impacto dessas práticas permanece na memória e história do Congo, servindo como um lembrete das consequências devastadoras da exploração colonial.

Referências Bibliográficas
“Do Not Call Me Lady: The Journey of Lady Alice Seeley Harris”. Harris, Alice Seeley.
Hochschild, Adam. King Leopold’s Ghost: A Story of Greed, Terror, and Heroism in Colonial Africa. Houghton Mifflin, 1998.
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