Fuga de Escravos no Brasil – Cartaz de Recompensa
Fortunato foi um escravo que ganhou notoriedade histórica após a divulgação de um cartaz de recaptura datado de 18 de outubro de 1854, no Brasil. Esse cartaz, que sobreviveu ao tempo, oferece um vislumbre das duras realidades enfrentadas pelos escravos no Brasil imperial, assim como das tentativas desesperadas de fuga em busca de liberdade.
Fortunato – O Escravo Fugido
A fuga de escravos era um fenômeno relativamente comum, embora extremamente arriscado. Os escravos que fugiam, conhecidos como fugitivos ou quilombolas (quando se estabeleciam em quilombos), enfrentavam enormes desafios, mas suas ações representavam o desejo de liberdade e as duras rejeições ao cativeiro.
O cartaz datado de 18 de outubro de 1854, que pede a recaptura de Fortunato, é um documento histórico raro que foi preservado e serve como um testemunho das tentativas de fuga e dos esforços dos proprietários de escravos para recuperar sua “propriedade”. Esses cartazes geralmente incluíam descrições físicas detalhadas dos fugitivos, suas habilidades, vestimentas no momento da fuga, e uma recompensa pela captura e devolução.
Capitães-do-Mato e a Caça ao Escravos
A fuga de escravos era intensamente combatida pelos proprietários de escravos e pelas autoridades coloniais. Para recapturar os escravos fugitivos, os proprietários frequentemente contratavam capitães-do-mato, caçadores especializados. Esses homens eram conhecidos por sua brutalidade e eficiência em rastrear e capturar fugitivos. Os capitães utilizavam armadilhas e cães farejadores, além de contar com o apoio das autoridades locais.
Quilombos
Os quilombos eram uma das principais estratégias de fuga e resistência. Eram comunidades autônomas formadas por escravos fugidos, às vezes em conjunto com indígenas ou outros marginalizados. O mais famoso dos quilombos foi o Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, na atual Alagoas, que abrigou milhares de habitantes e resistiu a várias expedições militares por mais de 100 anos, até ser destruído em 1694.
A Vinda de Escravos da África para o Brasil
A vinda de escravos africanos para o Brasil entre os séculos XVI e XIX foi um dos maiores e mais sombrios capítulos da história do tráfico transatlântico de escravos. Durante esse período, milhões de africanos foram forçados a deixar suas terras natais e foram transportados para as colônias portuguesas na América, incluindo o Brasil, onde seriam submetidos a condições de trabalho desumanas. O tráfico negreiro desempenhou um papel fundamental na formação social, econômica e cultural do Brasil.
Em 1854, o Brasil ainda estava profundamente imerso no regime escravista, sendo o último país do Ocidente a abolir oficialmente a escravidão, em 1888. Durante séculos, milhões de africanos e seus descendentes foram submetidos à escravidão em todo o território brasileiro, trabalhando em plantações, minas, engenhos de açúcar, e em casas de senhores.
O comércio transatlântico de pessoas envolvia a captura e venda de africanos, que eram então transportados através do Atlântico em condições horríveis. Muitos africanos foram capturados durante guerras tribais, enquanto outros foram sequestrados por traficantes negreiros. Eles eram vendidos aos comerciantes europeus em portos da África Ocidental, principalmente na região que hoje corresponde a Angola, Benin, Congo e Nigéria, dentre outros.