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O Fim do Cangaço – A Morte de Lampião e Maria Bonita

O Fim do Cangaço – A Morte de Lampião e Maria Bonita

O confronto de 28 de julho de 1938, que resultou na morte de Lampião e Maria Bonita, foi um evento crucial que marcou o fim do cangaço no Brasil. A emboscada na Grota de Angico, a icônica foto das cabeças empilhadas e a subsequente desarticulação dos bandos cangaceiros encerraram uma era de banditismo social no sertão nordestino.

O Cangaço

O cangaço foi um fenômeno social de banditismo rural no nordeste brasileiro, caracterizado pela formação de bandos armados que atuavam fora da lei, enfrentando tanto as forças policiais quanto os latifundiários. Os cangaceiros, liderados por figuras como Lampião, eram ao mesmo tempo admirados e temidos, sendo vistos como heróis por alguns e criminosos por outros.

Lampião e Maria Bonita

Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, é o cangaceiro mais famoso da história brasileira. Liderando seu bando com astúcia e brutalidade, Lampião tornou-se uma lenda tanto pelo seu carisma quanto pela violência de suas ações. Sua companheira, Maria Bonita, foi a primeira mulher a integrar um bando de cangaceiros e tornou-se uma figura emblemática no bando. Juntos, eles se tornaram lendas vivas do sertão.

O Ataque na Grota de Angico

Grota do Angico - local do último confronto entre cangaceiros e forças policiais

Grota do Angico – local do último confronto entre cangaceiros e forças policiais

Na madrugada de 28 de julho de 1938, as forças volantes, grupos especiais da polícia dedicados ao combate aos cangaceiros, organizaram uma emboscada contra o bando de Lampião na Grota de Angico, localizada no município de Poço Redondo, Sergipe. Lideradas pelo tenente João Bezerra e pelo sargento Aniceto Rodrigues, as forças volantes utilizaram informações fornecidas por coiteiros (colaboradores dos cangaceiros) para surpreender o bando enquanto descansavam.

O ataque foi rápido e devastador. As forças volantes abriram fogo sobre os cangaceiros, que foram pegos de surpresa e tiveram pouca chance de se defender. O ataque durou cerca de vinte minutos. Do total de 34 cangaceiros, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram mortos no confronto. O ataque marcou o fim de uma era, com a morte do líder mais emblemático do cangaço.

O Icônico O Registro Fotográfico das Cabeças Empilhadas

Após o confronto, as cabeças de Lampião, Maria Bonita e dos outros cangaceiros mortos foram decapitadas e levadas como troféus pelas forças policiais. As cabeças foram expostas em várias cidades do nordeste, incluindo Piranhas, Alagoas, como prova da vitória das forças volantes. Uma fotografia icônica das cabeças empilhadas se tornou um símbolo poderoso e macabro do fim do cangaço.

A imagem das cabeças empilhadas chocou o público e foi amplamente divulgada pela imprensa. O impactante registro visual serviu como uma declaração definitiva do fim do cangaço, transmitindo uma mensagem clara sobre a vitória do Estado sobre os cangaceiros. A brutalidade da imagem também levantou questões éticas sobre o tratamento dos corpos dos cangaceiros e a violência utilizada pelas forças de segurança.

O Fim do Cangaço 

O confronto que resultou na morte de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, sua companheira Maria Bonita e outros cangaceiros do bando, em 28 de julho de 1938, marcou um ponto de inflexão na história do cangaço no Brasil. A morte de Lampião e Maria Bonita teve um efeito desmoralizador sobre os restantes cangaceiros. Sem seu líder carismático, muitos cangaceiros se entregaram às autoridades ou foram caçados e mortos.

O cangaço, como movimento organizado, foi desarticulado, marcando o fim de uma era de resistência armada no sertão nordestino. Embora o cangaço tenha terminado como um movimento, seu legado continua a influenciar a cultura popular brasileira.  Lampião e Maria Bonita  são lembrados como figuras complexas que simbolizam tanto brutalidade do banditismo quanto a resistência contra a opressão. O cangaço continua a ser tema de livros, filmes, músicas e pesquisas acadêmicas.

Referências
Chandler, Billy Jaynes. Lampião: King of the Bandits. Texas A&M University Press, 1978.
Dantas, João. Cangaço e Cangaceiros: Vida e Morte no Sertão. Editora Record, 1997.
Queiroz, Maria Isaura Pereira de. O Cangaço. Editora Brasiliense, 1977.
Lira Neto. Lampião: A Raposa das Caatingas. Globo Livros, 2010.
Gomes, Frederico Pernambucano de Mello. Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil. A Girafa Editora, 2004.
Pereira, Waldemar. Angico: O Fim de Lampião. Edição do Autor, 2000.
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