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Viúva do Memorial Day: A Foto que Ganhou o Pulitzer

Viúva do Memorial Day: A Foto que Ganhou o Pulitzer

Uma fotografia pode capturar a dor de uma nação inteira. Em 27 de maio de 1983, o fotógrafo Anthony Suau estava no Cemitério Nacional Fort Logan, em Denver. Ele procurava uma imagem para a capa do Memorial Day. Então viu Dorris Fielder. Ela estava ajoelhada. Seus braços abraçavam a lápide de mármore branco. Seu rosto estava encostado na pedra fria. Como se pudesse sentir o calor do marido mais uma vez.

Aquela foto ganhou o Prêmio Pulitzer de 1984. Ela se tornou um símbolo do sacrifício militar americano. Mas por trás da imagem havia uma história de amor, guerra e três gerações de serviço.

Quem Era Cecil Fielder

Cecil E. Fielder não lutou em uma guerra. Ele lutou em três. Nascido em 1916, ele se alistou na Força Aérea Americana ainda jovem. Serviu na Segunda Guerra Mundial. Depois na Guerra da Coreia. E finalmente no Vietnã. Três conflitos. Décadas de serviço. Uma vida dedicada ao país.

Cecil alcançou a patente de Tenente-Coronel. Ele voou em missões de bombardeio. Viu amigos morrerem. Sobreviveu quando muitos não sobreviveram. Quando finalmente se aposentou, ele e Dorris construíram uma vida tranquila em Denver. Mas em 1982, Cecil faleceu. Dorris ficou sozinha.

O Memorial Day e Sua História

O Memorial Day nasceu após a Guerra Civil Americana. Originalmente chamado de Decoration Day, era um dia para decorar os túmulos dos soldados caídos. Em 1868, o General John A. Logan formalizou a data: 30 de maio. As pessoas visitavam cemitérios. Colocavam flores nas lápides. Lembravam dos que morreram pela nação.

Após a Primeira Guerra Mundial, o feriado se expandiu. Passou a honrar todos os militares americanos mortos em combate. Em 1968, o Congresso mudou a data para a última segunda-feira de maio. Hoje, é um dos feriados mais importantes dos Estados Unidos. Bandeiras americanas são colocadas em cada túmulo dos cemitérios nacionais. Famílias visitam seus entes queridos. E o país para para lembrar.

O Fotógrafo e Seu Olhar

Anthony Suau, fotógrafo premiado com o Pulitzer em 1984. Formado pelo Rochester Institute of Technology em 1978, Suau ganhou dois prêmios World Press Photo of the Year (1987 e 2009) e a Medalha de Ouro Robert Capa (1996). Sua fotografia da viúva do Memorial Day permanece uma de suas imagens mais icônicas. Fonte: Rochester Institute of Technology (RIT).

Anthony Suau, fotógrafo premiado com o Pulitzer em 1984. Formado pelo Rochester Institute of Technology em 1978, Suau ganhou dois prêmios World Press Photo of the Year (1987 e 2009) e a Medalha de Ouro Robert Capa (1996). Sua fotografia da viúva do Memorial Day permanece uma de suas imagens mais icônicas. Fonte: Rochester Institute of Technology (RIT).

Anthony Suau se formou pelo Rochester Institute of Technology em 1978. Apenas cinco anos depois, ele estava no Fort Logan procurando uma foto. O Memorial Day era sempre uma data importante para os jornais. Mas Suau queria algo diferente. Algo que mostrasse a emoção real por trás do feriado.

Ele caminhou entre as fileiras de lápides brancas. Milhares delas. Todas iguais. Todas marcadas com bandeiras americanas. Então viu Dorris. Ela estava sozinha. Seus braços envolviam a lápide como se abraçasse uma pessoa. Seu corpo inteiro expressava uma dor profunda e íntima.

Suau levantou a câmera. Ele sabia que aquele era o momento. A foto capturava algo universal. Não era apenas sobre Cecil Fielder. Era sobre todas as esposas, mães e filhas que perderam alguém na guerra. Era sobre o custo humano do serviço militar.

Prêmio Pulitzer

Em 1984, Anthony Suau ganhou o Prêmio Pulitzer na categoria Feature Photography. Mas ele não ganhou apenas pela foto de Dorris. Ele ganhou por um portfólio duplo. Metade das imagens documentava a fome na Etiópia. A outra metade era a foto do Memorial Day.

O júri do Pulitzer escreveu: “Por uma série de fotografias que retratam os efeitos trágicos da fome na Etiópia e por uma única fotografia de uma mulher no túmulo de seu marido no Memorial Day.” Duas tragédias. Dois continentes. Uma mesma emoção humana.

A foto de Dorris foi publicada no The Denver Post. Depois circulou por jornais de todo o país. As pessoas se identificaram imediatamente. Muitas tinham suas próprias histórias de perda. Muitas conheciam a dor de perder alguém na guerra.

Uma Carreira de Impacto

Suau não parou ali. Ele dedicou sua carreira a documentar eventos internacionais. Passou 20 anos baseado na Europa. Cobriu a guerra na Chechênia. O genocídio em Ruanda. A transformação do bloco soviético. A crise econômica americana de 2008.

Em 1987, ele ganhou o World Press Photo of the Year. Em 1996, recebeu a Medalha de Ouro Robert Capa. Em 2009, ganhou o World Press Photo pela segunda vez. Mas a foto de Dorris Fielder permanece uma de suas imagens mais icônicas.

O Legado da Imagem do Memorial Day

A fotografia da viúva do Memorial Day fez mais do que ganhar prêmios. Ela mudou como as pessoas viam o feriado. Antes, o Memorial Day era sobre churrascos e paradas. Depois da foto, tornou-se mais sobre memória e reflexão.

A imagem mostra que a guerra não termina quando os soldados voltam para casa. Ela continua nas famílias que ficam. Continua nas esposas que envelhecem sozinhas. Continua nos filhos que crescem sem pais. O Memorial Day honra os mortos. Mas também reconhece os que ficaram para trás.

Dorris Fielder provavelmente não sabia que estava sendo fotografada naquele momento. Ela estava perdida em sua dor privada. Mas aquele momento privado se tornou público. E ao se tornar público, ajudou uma nação a processar seu próprio luto coletivo.

O Cemitério Fort Logan Hoje

Cemitério nacional americano decorado com bandeiras no Memorial Day. A tradição de colocar bandeiras em cada túmulo de veterano começou após a Guerra Civil e continua até hoje. O Cemitério Fort Logan em Denver, onde Dorris Fielder foi fotografada em 1983, recebe milhares de visitantes todo Memorial Day para honrar os que serviram. Fonte: Aaron on Scouting / Boy Scouts of America.

Cemitério nacional americano decorado com bandeiras no Memorial Day. A tradição de colocar bandeiras em cada túmulo de veterano começou após a Guerra Civil e continua até hoje. O Cemitério Fort Logan em Denver, onde Dorris Fielder foi fotografada em 1983, recebe milhares de visitantes todo Memorial Day para honrar os que serviram. Fonte: Aaron on Scouting / Boy Scouts of America.

O Cemitério Nacional Fort Logan continua ativo. Localizado em Denver, Colorado, ele abriga mais de 120 mil veteranos e seus familiares. As lápides brancas se estendem em fileiras perfeitas. Cada Memorial Day, voluntários colocam bandeiras americanas em cada túmulo. Milhares de pessoas visitam. Algumas trazem flores. Outras apenas ficam em silêncio.

A lápide de Cecil Fielder ainda está lá. Marcada com sua patente. Suas guerras. Seus anos de serviço. E embora Dorris tenha falecido em 1994, sua imagem abraçando aquela lápide permanece viva. Ela nos lembra que por trás de cada nome em mármore havia uma pessoa. E por trás de cada pessoa, havia alguém que a amava.

Referências:
RIT’s Pulitzer Legacy. Anthony Suau – 1984 Winner. Rochester Institute of Technology.
Veterans Legacy Memorial. Cecil E Fielder. U.S. Department of Veterans Affairs.
Find a Grave. (2024). LTC Cecil E. Fielder (1916-1982).
National Cemetery Administration. Memorial Day History. U.S. Department of Veterans Affairs.
Wikipedia. Memorial Day.
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