Select Page

1808 – A Chegada da Corte Portuguesa ao Brasil Colônia

1808 – A Chegada da Corte Portuguesa ao Brasil Colônia

O ano de 1808 marca um dos eventos mais significativos da história do Brasil: a mudança da Corte Portuguesa para o território brasileiro. Este movimento, desencadeado pela invasão das tropas napoleônicas em Portugal, alterou profundamente a estrutura econômica, política e social do Brasil, transformando o status do país, que passou de uma colônia relativamente isolada para se tornar um centro de influência e poder no império português.

IMAGEM – Ilustração do embarque do príncipe regente de Portugal, Dom João, e toda família real para o Brasil no cais de Belém, na cidade de Lisboa, em novembro de 1807. A corte portuguesa chegaria ao Brasil em janeiro de 1808. Pintura de Henry L’Évêque (1768-1845). Biblioteca Nacional de Portugal.

As Guerras Napoleônicas

No início do século XIX, a Europa estava mergulhada nas Guerras Napoleônicas, uma série de conflitos que opunham a França, liderada por Napoleão Bonaparte, contra várias coalizões de países europeus. Portugal, aliado histórico da Inglaterra, encontrou-se em uma posição precária quando Napoleão exigiu que rompesse suas relações com os britânicos e se alinhasse à França. Diante da recusa portuguesa, Napoleão ordenou a invasão de Portugal em 1807.

1808 – A Fuga  da Corte Portuguesa para o Brasil

Diante da iminente invasão francesa, a família real portuguesa, liderada pelo príncipe regente Dom João (futuro Dom João VI), tomou a decisão desesperada de transferir a corte para o Brasil, então uma colônia portuguesa. Sob a proteção da Marinha britânica, a corte portuguesa, composta por cerca de 15 mil pessoas, deixou Lisboa em novembro de 1807, chegando a Salvador, na Bahia, em janeiro de 1808. Posteriormente, os portugueses se estabeleceram no Rio de Janeiro em março do mesmo ano.

Uma das primeiras e mais importantes medidas tomadas por Dom João ao chegar ao Brasil foi a Abertura dos Portos às Nações Amigas, decretada em 28 de janeiro de 1808. Este decreto permitiu que o Brasil, pela primeira vez, negociasse diretamente com outras nações, rompendo o monopólio comercial que Portugal mantinha sobre a colônia. A medida foi particularmente benéfica para os britânicos, que passaram a ter acesso privilegiado aos mercados brasileiros, mas também marcou o início do processo de autonomia econômica do Brasil.

Brasil – Reino Unido de Portugal e Evolução a Partir de 1808

Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o que significava que, oficialmente, o Brasil deixava de ser uma colônia para se tornar parte integrante e equivalente do reino. Esta mudança formalizou a centralidade do Brasil no império português e preparou o terreno para a independência que viria em 1822.

Com a presença da corte, o Rio de Janeiro passou por uma série de transformações. Dom João estabeleceu várias instituições governamentais, como o Banco do Brasil (fundado em 1808), a Imprensa Régia, que permitiu a publicação de jornais e livros, e o Conselho de Estado, que ajudava na administração do Reino Unido. Essas instituições modernizaram a administração pública e contribuíram para o desenvolvimento de uma estrutura estatal mais complexa no Brasil.

A presença da corte no Brasil também trouxe uma efervescência cultural. Dom João fundou a Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional), o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e o Museu Nacional, que se tornaram centros de difusão de conhecimento e cultura. Essas instituições foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência, da educação e da cultura no Brasil.

1821 – A Partida da Família Real

Em 1821, após a Revolução Liberal do Porto em Portugal, Dom João VI decidiu retornar a Lisboa, deixando seu filho, Dom Pedro, como príncipe regente do Brasil. A partida da família real e a crescente insatisfação com o controle português sobre a economia e a política brasileira levaram à eclosão de movimentos que culminariam na independência do Brasil em 1822, com Dom Pedro proclamando a independência e tornando-se o primeiro imperador do Brasil.

Referências
Costa, Sérgio Corrêa da. O Brasil na época de D. João VI. Editora Nova Fronteira, 2006.
Schwarcz, Lilia Moritz, and Heloisa M. Starling. Brasil: Uma Biografia. Companhia das Letras, 2015.
Gouvêa, Maria de Fátima Silva. 1808: A Corte no Brasil. Edições Câmara dos Deputados, 2008.
Prado Júnior, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. Editora Brasiliense, 1942.
Maxwell, Kenneth. A Devassa da Devassa: A Inconfidência Mineira, Brasil e Portugal 1750-1808. Paz e Terra, 1977.
Holston, James. Insurgent Citizenship: Disjunctions of Democracy and Modernity in Brazil. Princeton University Press, 2008.
Avalie!

Veja Também!

Dissol Pro