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Tráfico de Escravos na América – Um Capítulo Cruel e Sombrio

Tráfico de Escravos na América – Um Capítulo Cruel e Sombrio

O tráfico e venda de escravos na América é um dos capítulos mais sombrios da história humana. Durante mais de três séculos, milhões de africanos foram capturados, vendidos e forçados a trabalhar em condições desumanas. O tráfico transatlântico de escravos (trafico negreiro), desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico das colônias europeias na América, ao custo de um sofrimento humano imensurável.

IMAGEM: Escravos acorrentados ainda em solo africano, ca. 1870. Autor desconhecido.

Início do Tráfico e Venda de Escravos

O tráfico de escravos africanos para as Américas começou no século XVI, pouco após a chegada dos europeus ao Novo Mundo. Portugal, seguido por Espanha, Inglaterra, França e Holanda, foi um dos primeiros países a se envolver no comércio de escravos. À medida que as colônias europeias na América se expandiam, a demanda por mão de obra barata e abundante crescia, levando ao desenvolvimento de uma rede comercial brutal que se estendia da África ao Caribe e às Américas do Norte e do Sul.

Passagem do Meio

Os escravos eram capturados no interior da África por comerciantes de escravos locais, que capturavam pessoas durante conflitos ou muitas vezes faziam acordos com líderes tribais. Após a captura, os africanos eram forçados a marchar até a costa, onde eram mantidos em barracões ou fortes à espera do embarque. As condições nos navios negreiros, conhecidos como “tumbeiros”, eram desumanas. Os escravos eram amontoados nos porões, acorrentados, com pouca ventilação, água ou comida. Muitos não sobreviveram à travessia, conhecida como Passagem do Meio, e aqueles que sobreviviam chegavam enfraquecidos e traumatizados.

Venda de Escravos nas Américas

Mercado de Escravos nos Estados Unidos, Atlanta, 1864. Foto: "Auction & Negro Sales, Whitehall Street". Barnard, George N. Library of Congress.

Mercado de Escravos nos Estados Unidos, Atlanta, 1864. Foto: “Auction & Negro Sales, Whitehall Street”. Barnard, George N. Library of Congress.

Ao chegarem às Américas, os escravos eram levados para mercados de escravos, onde eram exibidos como mercadorias e vendidos ao maior lance. Esses mercados eram comuns em portos importantes, como Cartagena (Colômbia), Rio de Janeiro (Brasil), Charleston (Estados Unidos) e Havana (Cuba). Os escravos eram avaliados por sua condição física e habilidades, e os compradores os adquiriam para trabalhar nas plantações, minas, construções, ou como servos domésticos.

O impacto do tráfico de escravos foi devastador para as sociedades africanas, com milhões de africanos sendo retirados à força de suas famílias e terras. O comércio de escravos também criou profundas divisões raciais nas Américas, estabelecendo uma hierarquia social baseada na cor da pele e na origem étnica que perdurou por séculos. A desumanização dos africanos escravizados teve efeitos duradouros, contribuindo para a perpetuação das desigualdades sociais e racismo nas Américas.

Persistência da Escravidão

Apesar da abolição do tráfico, a escravidão continuou nas Américas por várias décadas. No Brasil, o último país das Américas a abolir a escravidão, a prática foi oficialmente abolida apenas em 1888, com a assinatura da Lei Áurea. Mesmo após a abolição, as comunidades afrodescendentes continuaram a enfrentar desigualdade e discriminações.

Referências
Rediker, Marcus. The Slave Ship: A Human History. Viking, 2007.
Klein, Herbert S. The Atlantic Slave Trade. Cambridge University Press, 1999.
Davis, David Brion. Inhuman Bondage: The Rise and Fall of Slavery in the New World. Oxford University Press, 2006.
Curtin, Philip D. The Rise and Fall of the Plantation Complex: Essays in Atlantic History. Cambridge University Press, 1998.
Lovejoy, Paul E. Transformations in Slavery: A History of Slavery in Africa. Cambridge University Press, 2012.
Blackburn, Robin. The Making of New World Slavery: From the Baroque to the Modern 1492-1800. Verso, 1997.
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