Revolução de 1930 – Ascensão de Getúlio Vargas ao Poder
A Revolução de 1930 foi um marco decisivo na história do Brasil, resultando no fim da Primeira República e na ascensão de Getúlio Vargas ao poder. O movimento representou uma ruptura significativa na política brasileira, alterando profundamente as estruturas de poder e as dinâmicas sociais do país. As causas que levaram a esse evento foram complexas, envolvendo fatores econômicos, políticos e sociais. A revolução não foi uma guerra civil prolongada, mas um golpe de Estado relativamente rápido e bem-sucedido.
IMAGEM – Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) durante sua passagem por Itararé (São Paulo) a caminho do Rio de Janeiro após a vitoriosa Revolução de 1930. Foto: Claro Jansson (1877-1954), 1930.
Contexto Histórico e Causas da Revolução de 1930
Durante a Primeira República (1889-1930), o Brasil era dominado por uma política conhecida como “política do café com leite”. Essa política referia-se ao revezamento no poder entre as elites de São Paulo e Minas Gerais, estados que representavam as maiores forças econômicas do país, baseadas na produção de café e leite. Contudo, essa concentração de poder gerou insatisfação em outras regiões, especialmente no Rio Grande do Sul e na Paraíba, que se sentiram excluídas do processo político.
A década de 1920 foi marcada por uma crise econômica mundial, exacerbada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. A economia brasileira, fortemente dependente das exportações de café, foi gravemente afetada. Os preços do café caíram drasticamente, levando ao empobrecimento dos produtores e à insatisfação generalizada entre as classes médias e baixas, que começaram a questionar a legitimidade do sistema político vigente.
1930 – O Início da Revolução
Em 1930, o presidente Washington Luís, contrariando o acordo da política do café com leite, apoiou a candidatura de Júlio Prestes, também paulista, para sucedê-lo. Esse movimento excluiu Minas Gerais da sucessão presidencial, levando os mineiros a se aliar com políticos do Rio Grande do Sul e da Paraíba na formação da Aliança Liberal. Esse grupo lançou Getúlio Vargas como candidato à presidência e João Pessoa como vice. Contudo, as eleições foram vencidas por Júlio Prestes em meio a acusações de fraude, intensificando o clima de insatisfação.
A revolta contra o resultado das eleições ganhou força com o assassinato de João Pessoa em 26 de julho de 1930, que se tornou um mártir para a causa revolucionária. Sua morte foi usada como símbolo de resistência contra o governo central, unindo diversas facções políticas e militares em torno da figura de Getúlio Vargas.
Em outubro de 1930, Vargas liderou um movimento armado contra o governo federal. A revolução começou no Rio Grande do Sul, espalhando-se rapidamente para outros estados do Brasil. Tropas leais à Aliança Liberal enfrentaram forças governamentais em várias regiões, culminando na deposição de Washington Luís em 24 de outubro de 1930.
Ascensão de Getúlio Vargas
A revolução resultou na deposição do presidente Washington Luís e na anulação das eleições de 1930. Júlio Prestes, que havia sido eleito presidente, foi impedido de assumir o cargo. A revolução marcou o fim da Primeira República e o início de um novo período na história política do Brasil.
Após o sucesso da revolução, Getúlio Vargas assumiu a liderança do país como chefe do Governo Provisório. Vargas implementou medidas que alteraram significativamente o cenário político e econômico do Brasil, incluindo a criação de ministérios importantes e a introdução de uma legislação trabalhista que beneficiava as classes populares.
A Revolução de 1930 levou a uma centralização significativa do poder nas mãos de Getúlio Vargas, que permaneceu no poder por 15 anos. Em 1937, Vargas instaurou o Estado Novo, uma ditadura que durou até 1945. Durante esse período, o Brasil experimentou uma modernização econômica e social, mas também uma repressão política intensa.
Uma das principais consequências da Revolução de 1930 foi a criação de uma nova legislação trabalhista, que incluiu o estabelecimento de direitos como a jornada de trabalho de oito horas, o salário mínimo e a regulamentação do trabalho feminino e infantil. Essas mudanças fortaleceram a posição de Vargas junto às classes trabalhadoras e ajudaram a construir sua base de apoio político.